Roberto Campos Neto aposta no futuro das stablecoins
Roberto Campos Neto, o ex-presidente do Banco Central do Brasil, esteve presente na Digital Assets Conference Brazil 2025, que aconteceu nesta terça-feira (23). Durante o evento, ele compartilhou suas reflexões sobre o mercado de criptomoedas e trouxe algumas provocações interessantes sobre o estado das moedas tradicionais.
Logo no início de sua fala, Campos Neto ressaltou algo que já havia chamado atenção anteriormente: os governos não estão lidando bem com suas moedas. Ele se referiu a níveis alarmantes de endividamento em diversos países. Essa inquietação é um tema que vem ganhando destaque nas discussões sobre economia e finanças.
Além de abordar as criptomoedas, o ex-presidente do BCB também comentou sobre a evolução do Pix e a chegada do Drex, novas modalidades que têm trazido inovação ao sistema financeiro brasileiro.
Criptomoedas estão tomando o lugar do dinheiro, diz Campos Neto
Em sua visita a Washington, uma das capitais econômicas globais, Campos Neto destacou que os Estados Unidos têm sido referência em regulamentação. Ele explicou que, durante o governo anterior, a regulação acabou afastando o setor bancário das criptomoedas. Agora, essa situação já começou a mudar. O economista mencionou que precisa-se de uma legislação de infraestrutura para realmente avançar nesse campo.
Ele observou que houve melhorias significativas na infraestrutura do mercado, que agora permite negociações mais rápidas e seguras. Campos Neto enfatizou a crescente utilização de ativos digitais em funções que antes eram exclusivamente do dinheiro, como remessas internacionais e garantias.
RCN acredita que melhor caminho para bancos é adotar stablecoins
Sobre as stablecoins, que são criptomoedas geralmente atreladas ao dólar americano, Campos Neto destacou a necessidade de mais transparência. Para ele, isso é crucial para que as pessoas se sintam mais seguras ao adotá-las. Ele notou que o crescimento das stablecoins está acontecendo principalmente em países emergentes, onde elas funcionam mais como uma proteção ou investimento do que como dinheiro do dia a dia.
Ele ainda argumentou que a solução para o que ele chamou de “diminuição de crédito nos bancos” seria exatamente o oposto do que muitos bancos centrais têm feito — tentar expulsar as criptomoedas do sistema financeiro tradicional. A ideia dele é que o setor bancário deve se abrir e integrar esses ativos digitais.
Ex-presidente do BCB reconhece erros em suas previsões
Apesar de se mostrar satisfeito com algumas de suas previsões, como a respeito das stablecoins, Campos Neto foi honesto ao admitir que cometeu falhas em outras previsões. Ele mencionou que, em 2020, acreditava que teríamos um nível de tokenização de ativos muito mais avançado hoje, em 2025.
Embora a inovação na área de pagamentos instantâneos tenha avançado rapidamente, a tokenização não seguiu o mesmo ritmo. Esse conceito, que envolve transformar ativos do mundo real, como ações, em formas digitais de negociação, ainda está se desenvolvendo.
O economista acredita que estamos prestes a entrar em um período de aceleração na tokenização. Ele relaciona isso à necessidade de regulamentações mais claras e à melhoria na infraestrutura necessária.
Campos Neto fala sobre o futuro das criptomoedas
Ao discutir o futuro das criptomoedas, Campos Neto fez uma previsão ousada: ele acredita que as stablecoins vão ganhar uma relevância ainda maior, a ponto de substituir uma boa parte da base monetária. Ele mencionou a ideia de que as stablecoins vão competir entre si, levando a uma nova revolução sobre como podemos utilizá-las para transações diárias.
A discussão foi rica e contou com a presença de outros grandes nomes do mercado financeiro, como Jay Jacobs da BlackRock e Stephen Richardson da Fireblocks.
Esses diálogos refletem um momento de transformação no setor financeiro, onde o entendimento e a aceitação das criptomoedas e ativos digitais desempenham papéis cada vez mais centrais.